Imigração Açoriana
IMIGRAÇÃO AÇORIANA
Com a penetração portuguesa no Rio Grande de São Pedro, havia necessidade de casais para povoar e colonizar as terras, assegurando, assim, a posse da região.
O pedido da vinda de casais para o sul do Brasil foi feito desde a fundação da Colônia do Sacramento, mas poucos casais para aqui vieram, sendo, na sua grande maioria, de portugueses e brasileiros vindos de Laguna, Rio de Janeiro, Bahia, Minas Gerais e São Paulo.
O Arquipélago dos Açores é um conjunto de nove ilhas vulcânicas que pertencem a Portugal. A erupção vulcânica na Ilha de Faial flagelou seus moradores, que foram transferidos para outras ilhas do arquipélago. A superpopulação das ilhas, a falta de terras para o plantio, os muitos flagelos da natureza e a miséria em que viviam levaram os açorianos a pedir novas terras ao rei.
Em 1746, foi ordenada a vinda de casais em grupos de 60, que seriam distribuídos em cada povoado a ser formado. Os colonizadores homens não poderiam ter mais de 40 anos, e as mulheres, não mais de 30.
Assim, deu-se inicio à propaganda para atrair os novos colonizadores, sendo-lhes oferecidos diversos atrativos: dinheiro, passagem gratuita até a nova morada, ferramentas, armas, sementes, alimentação por um ano, isenção do serviço militar, áreas para plantar (as chamadas datas), duas vacas, uma égua, quatro touros e dois cavalos, sendo os touros e os cavalos para uso de mais de uma família.
Essas promessas, no entanto, não foram devidamente cumpridas, pois as datas demoraram muito a ser repartidas e doadas.
No inicio do ano de 1748, chegaram a Santa Catarina os primeiros casais açorianos, os quais enfrentaram uma longa viagem, na qual passaram fome, ficaram doentes, enfrentaram epidemias como o escorbuto e conviveram em más acomodações. Vários morreram na travessia do Atlântico, principalmente crianças. As outras viagens que aconteceram, trazendo mais casais açorianos, não foram diferentes da primeira.
Em 1752, começam a chegar a Rio Grande os primeiros casais açorianos que haviam desembarcado em Santa Catarina. Os açorianos seriam levados para a região Missioneira, mas, enquanto não se cumpria o tratado de Madrid, foram conduzidos a vários núcleos que viriam a ser por eles povoados, como Rio Grande, Viamão, Porto do Viamão (Porto Alegre), Triunfo, Santo Amaro e Rio Pardo. Depois da invasão espanhola, os casais que habitavam Rio Grande foram para o Uruguai, e outros fugiram para o norte, povoando Estreito, Taquari, Santo Antônio da Patrulha, Mostardas e Cachoeira. Alguns se dirigiram à região da campanha, adquirindo sesmarias, dedicando-se à pecuária e povoando, assim, a campanha gaúcha.
O açoriano adaptou-se bem ao Rio Grande de São Pedro, dedicando-se à agricultura, plantando trigo, algodão, centeio, cevada, legumes, arroz, cebola, alpiste, melancia, cana de açúcar e uva. Povo católico, de principio morais rígidos, os açorianos fizeram respeitar seus lares e suas famílias. Os índios, os castelhanos, os gaudérios, os aventureiros que se aproximaram dos povoados dos ilhéus assimilaram seus costumes e suas tradições. Dos açorianos também é a hospitalidade que o gaúcho herdou, hoje tão apreciada pelos turistas.
Suas festas religiosas, como Terno de Reis, Festas Juninas, Festa do Divino, assim como as procissões, as novenas e os presépios, ajudaram a formar a tradição gaúcha. A arquitetura portuguesa de nossas primeiras construções, bem como o uso do tamanco e do chapéu de palha, são costumes que se somaram na formação das tradições do gaúcho.
Na culinária gaúcha, os açorianos contribuíram com sonho, arroz de leite, os famosos doces portugueses e uma grande variedade de pratos com peixe. Na música e na dança tradicionalista gaúcha, os ilhéus deixaram a sua herança: o balaio, o tatu, o pezinho, a cana verde, a dança do pau de fita. O açoriano ainda transmitiu ao gaúcho a técnica de plantar pelo sistema do pousio (cultiva-se a terra por dois anos consecutivos e deixa-se que ela descanse por outros dois anos).