Guaranis
Eram seminômades e abandonavam uma região quando a terra se esgotava para o plantio ou quando rareava a caça. Concorreu, também, para tal nomadismo, a procura da Terra sem Mal, pois acreditavam que existia algum lugar onde eles não teriam sofrimentos; esse lugar deveria ser ao leste, perto do mar.
Moravam em casas coletivas enormes, feitas de madeira e palha. Várias famílias habitavam o mesmo lar. As casas eram dispostas em círculos, protegidos por uma paliçada de troncos. As aldeias situavam-se perto de rios, no alto das coxilhas e na encosta do planalto. Usavam esteiras. As casas dispunham de porta para homens e porta para mulheres. Dormiam em redes.
Os homens caçavam e guerreavam. A caça era dividida entre os caçadores. Enquanto caçavam, o pajé ficava em transe para protegê-los. Também pescavam, com anzol de osso, lança e timbó. Suas armas eram arco e flecha, lança, tacape e boleadeira. Eram hábeis guerreiros, inimigos ferrenhos dos Jês. O inimigo capturado podia viver anos na aldeia, sabendo que um dia seria devorado num ritual. Mesmo sabendo do seu destino, não fugia, porque, acreditava, seria purificado, e sua tribo também. O Guarani praticava a antropofagia ritual porque acreditava que adquiriria as forças do inimigo.
Os homens enfeitavam-se mais que as mulheres; pintavam o corpo e usavam colares e pulseiras. As mulheres cuidavam da agricultura, plantando milho, mandioca, batata-doce, feijão, amendoim, fumo, abóbora e algodão. Coletavam frutas e erva mate para o chimarrão. Fabricavam cestos para carregar os produtos da lavoura até a aldeia, além de grandes vasos de cerâmica para guardar alimentos, água, grãos, etc.
Em caso de mudança, os homens só carregavam as armas, para defender o grupo, e as mulheres carregavam utensílios e transportavam os filhos. Quando a mulher dava à luz, sozinha e isolada do grupo, o homem é que deitava na rede em "resguardo", para enganar os maus espíritos que quisessem levar o recém-nascido.
Os guaranis enterravam seus mortos em urnas funerárias feitas de cerâmica, chamadas igaçabas. A tribo era dirigida por um conselho tribal composto pelo morubixaba, pelo taxauá e pelo pajé. O morubixaba era o chefe da aldeia, geralmente com mais de 60 anos e por isso respeitado por todos pela experiência de vida; podia ter mais de uma mulher. O taxauá era um chefe temporário em caso de guerra ou caça. O pajé, ou xamã, desenvolvia atividades de magia na aldeia, sendo médico, juiz e mestre de rituais religiosos. Os Guaranis fumavam cachimbo nas cerimônias religiosas. A mulher era muito disputada nas aldeias, devido a sua força e sua mão de obra muito valiosa. Várias guerras houve por disputa por mulheres. Muitas acompanhavam os guerreiros nas lutas, carregando suas armas.